domingo, 26 de dezembro de 2010

sobre os dias brancos

Sartre descreve maravilhosamente bem:
"Um dia perfeito para a introspecção: essas frias claridades que o sol projeta, como um julgamento sem indulgência, sobre as criaturas, entram-me pelos olhos; estou iluminado por dentro por uma luz empobrecedora. Tenho certeza que bastaraim 15 minutos para que atingisse a suprema repugnância de mim mesmo. Muito obrigado. Não estou interessado nisso."
(A Náusea - Jean-Paul Sartre)

sábado, 11 de dezembro de 2010

a chama que luta

Ora quase some, ora sente fome.
Avança, quer o livro. Não alcança.
Oscila, recua.

A chama dança.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

como nuvens

As coisas envelhecem
Perdem sua forma
Desaparecem...
Sensação estranha
E essa chuva que vem e vai
E nessas idas e vindas
leva um pouco de tudo
traz um pouco de novo
e de novo
e de novo...

sábado, 27 de novembro de 2010

Produção.

Escrita que começa no estômago, passa sorrateiramente pelo coração, se organiza na cabeça e escorre pela ponta dos dedos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

queria enxergar menos

###encurralado pela realidade###

Ao som de "My favorite things"

“Meu saco de ilusões bem cheio, tive-o

Com ele ia subindo as ladeiras da vida

E no entretanto, após cada ilusão perdida,

Que extraordinária sensação de alívio!” (ou não...)

(Mário Quintana)

Inspiraçao, idéias, melancolia, poema e música roubadas de uma tal Thaís Goldstein...

domingo, 17 de outubro de 2010

Condição:

Escutamos para poder confiar.

Confrontamos para poder distinguir.

Lembramos para poder sofrer.

Esquecemos para poder amar.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Por que é tão difícil imaginar quando se é gente grande?

Hoje eu quero voar.
Vou fechar os olhos e escolher: para onde?

Quero o cheiro da chuva que já passou, e quero sol.
Um lugar onde falam outro idioma - aquele que todo mundo se entende.
Nem ciúmes, nem sacrifício, nem frustração...
Um abraço enorme, daqueles que não dá pra saber onde começa nem termina.
Um sorriso que dói as bochechas. Um outro sorriso que faz meus olhos brilharem.

Tanta coisa. Onde paro?
Nessa ruga bem no meio da minha testa.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

é dois em 1!

1

e esse eu que muda?
que diz e depois pergunta
-eu disse?
que se reconhece
no outro
e não reconhece
o próprio rosto
não percebe que de outro pra rosto é questão de u a mais, s a menos
e certa organização...
e a ordem dos fatores altera
o produto, o produtor e a produção
o presente, o passado e o futuro
e futuro não tem p
e é assim mesmo, é sempre incerto
incerto devia ser sinônimo de errado, contrário de certo.
mas nem certo significa sempre certo...
então danou-se!
e digo isso agora
amanhã talvez o futuro tenha p
e aí vai!
vai onde?
__________

2

que medo que dá escrever.
por quê?
porque depois vai se dar com aquilo e vai dizer
fui eu?
quem era esse aí?
e quem vai ser esse aí?
vai voltar a ser aquele que já foi.
e vai dizer
é, fui eu!
e o modo verbal é o futuro no pretérito do presente
eu eranãosoumasvoltareiaser
tu erasnãoésmasvoltarásaser
ele eranãoémasvoltaráaser

domingo, 12 de setembro de 2010

muito perto da Coração Gelado


Trecho de "Perto do coração selvagem", de Clarice Lispector:

— Você gostaria de estar casada — casada de verdade — com ele? — indagou Joana.
Lídia olhara-a rapidamente, procurava saber se havia sarcasmo na pergunta:
— Gostaria.
— Por quê? — surpreendeu-se Joana. Não vê que nada se ganha com isso? Tudo o que há no casamento você já tem — Lídia corou, mas eu não tinha malícia, mulher feia e limpa. — Aposto como você passou toda a vida querendo casar.
Lídia teve um movimento de revolta: era tocada bem na ferida, friamente.
— Sim. Toda mulher... — assentiu.
— Isso vem contra mim. Pois eu não pensava em me casar. O mais engraçado é que ainda tenho a certeza de que não casei... Julgava mais ou menos isso: o casamento é o fim, depois de me casar nada mais poderá me acontecer. Imagine: ter sempre uma pessoa ao lado, não conhecer a solidão. — Meu Deus! — não estar consigo mesma nunca, nunca. E ser uma mulher casada, quer dizer, uma pessoa com destino traçado. Daí em diante é só esperar pela morte. Eu pensava: nem a liberdade de ser infeliz se conservava porque se arrasta consigo outra pessoa. Há alguém que sempre a observa, que a perscruta, que acompanha todos os seus movimentos. E mesmo o cansaço da vida ter certa beleza quando é suportado sozinha e desesperada — eu pensava. Mas a dois, comendo diariamente o mesmo pão sem sal, assistindo à própria derrota na derrota do outro... Isso sem contar com o peso dos hábitos refletidos nos hábitos do outro, o peso do leito comum, da mesa comum, da vida comum, preparando e ameaçando a morte comum. Eu sempre dizia: nunca.
— Por que casou? — indagava Lídia.
— Não sei. Só sei que esse "não sei" não é uma ignorância particular, em relação ao caso, mas o fundo das coisas. — Estou fugindo da questão, daqui a pouco ela me olhará daquele jeito que eu já conheço. — Casei certamente porque quis casar. Porque Otávio quis casar comigo. É isso, é isso: descobri: em lugar de pedir para viver comigo sem casamento, sugeriu-me outra coisa. Aliás daria no mesmo. E eu estava tonta, Otávio é bonito, não é?

Julguei pertinente citar a ressonância.

sábado, 4 de setembro de 2010

Wish upon a star:

Quero aquela gravidade profunda do olhar, que paralisa, arrepia e que diz muito.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

voando

Hoje só amanhã. onde há muito movimento, difícil acumular. não tem pó na entrada de casa. não aquele montinho, que dá pra perceber. Não tem pó no corredor da escola. Tem pó naquele cantinho da casa que ninguém vai. Tem pó onde não tem vida. Engraçado, me sinto sem pó e sem vida... como é possível?
e o vento responde voando...

sábado, 24 de julho de 2010

Laços

Praconversar.

Pra rir.
Pra chorar.

Pra dizer.
Pra escutar.

Pra consolar e comemorar.

Prapoetizar.



Sempre.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Oco.

E o silêncio faz eco.

Emergency Room, please?

sábado, 26 de junho de 2010

smashing watanabe

(...)
There's somewhere I just gotta be (smashing pumpkins)
There's somewhere I just gotta be (smashing pumpkins)
There's somewhere I just gotta be (smashing pumpkins)
There's somewhere I just gotta be (smashing pumpkins)
I just don't know where... yet. (juliano watanabe)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Magia

Intensidades, recortes temporais e detalhes devidamente descritos: principais elementos.
Gestos desenham figuras geométricas.
As palavras se encontram e se rearranjam de acordo com a pulsação.
...
E é possível, enfim, respirar o silêncio enquanto dançamos a música escolhida.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

e agora?

quando toca a música e a música toca, lá dentro.
é a música certa para um certo momento.
som que concretiza sentimentos, expressa. é bom.
pois é. cadê?
nada faz muito sentido agora.

sábado, 1 de maio de 2010

Meditação

(Tom Jobim)

Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Entao sonhou, sonhou...
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais

Quem, no coraçao
Abrigou a tristeza de ver tudo isto se perder
E, na solidao
Procurou um caminho e seguiu,
Já descrente de um dia feliz

Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou

*suspiro*

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Haikai

O pranto do rio
Busca único destino
Na margem de lá.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Jiló é para os fracos.

O verdadeiro gosto amargo é outro.

É aquele sabor que sentimos depois de muito calejados.
Depois de tanto sofrimento e frustração.
Depois da desesperança.

Suportar o amargo é virar gente grande.

Que pena.

terça-feira, 9 de março de 2010

Walk

Blind Melon

Find myself singing the same songs everyday
Ones that make me feel good
When things behind the smiles ain't ok

Around and over and in-between the seas
I need to be on top of a mountain
Where I can be see everything
Cause this paranoia's getting old

Now as I open my eyes to start another day
I'm in a pile of puke
Empty bag of execuses
My love for friends and family
you know I need them

And under a sun that's seen it all before
My feet are so cold
And I can't believe that I have to bang my
Head against this wall again
But the blows they have just a little more
Space in-between them

Gonna take a breath and try, try again

AAAAAAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhh

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pele

Fronteira de contato.

Alergia, vermelidão, nódoa, descamação, oleosidade, micose, queimadura, picada, urticária, estria, inflamação, furúnculo, corte.

Cicatriz.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

turn on turn off

Lendo, acometido por sono irresistível. Virei o rosto e, começando a adormecer, babei.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

adordavida

Ele
Já quis ser joga dor
Hoje só expecta dor
Continua ama dor
Melancolia defini dor
Admira dor (d)e futebol

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

eu e a caixa de papelão

estou tão feliz ao lado da minha caixa de papelão. minha cama é grande, cabe eu e cabe ela.
quando eu era pequeno, entrei numa caixa de papelão. era um carrinho.
uma vez eu empurrava quem estava dentro da caixa. outra vez eu entrava na caixa e alguém me empurrava.
também já foi um robô. o robô era feito de mais de uma caixa de papelão. eu imaginava o que poderia fazer para dar movimentos ao robô. no fundo, no fundo, tinha certa esperança que ele iria se mover.
já coloquei pintinhos amarelos, desses de 1 real, ou alguns cruzeiros, dentro da caixa de papelão. morreram todos. foram enterrados com caixas de papelão.
eu lembro que minha cachorra deu cria e a gente colocou os bichinhos dentro de uma caixa de papelão. eles faziam cocô.
uma vez fizemos armadilha para pegar passarinho. foi com caixa de papelão.
cá estou eu com minha caixa de papelão. eu amo tudo nela. o cheiro, a textura, o barulho. adoro ficar abraçado com minha caixa de papelão. ela é grande, mas eu não caberia dentro da caixa de papelão.
quando a gente é pequeno as coisas crescem, quando a gente fica grande elas encolhem.
quando eu era pequeno me sentia grande. agora... parece que encolhi. que nem a caixa de papelão.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Emprestando poesia...

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

...

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

...
(Vinícius, sempre.)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Precisando (desesperadamente) de poesia.

Tem pacote grande?
Quero todo o estoque.

(Medo de que meus ouvidos suportem apenas o silêncio.)