quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Intimidade,

Eu não te conheço mais.
Desconheço seus pensamentos
e não me reconheço no teu desejo.
. . .
Muda pra mim
Assim como emudeci
Ou caí no esquecimento

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Pranto

se cada vida contém um tanto exato de respirações,
teria o sofrimento um justo número de lágrimas a derramar?

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Citação

Ou quando a poesia aparece travestida de filosofia.

"A redenção possível da infortuna da irreversibilidade é a faculdade de perdoar e o remédio para a imprevisibilidade está contido na faculdade de fazer e de cumprir promessas. Os dois remédios formam um par: o perdão diz respeito ao passado e serve para desfazer o que foi feito, enquanto que o compromisso através de promessas serve para estabelecer ilhas de segurança no oceano de incerteza futura, sem as quais nem mesmo a continuidade, sem falar de todo tipo de durabilidade, jamais seria possível nas relações entre os homens. Sem sermos perdoados, liberados das conseqüências do que fizemos, a nossa capacidade de agir estaria, por assim dizer, confinada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; permaneceríamos as vítimas de suas conseqüências para sempre, semelhantes ao aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para quebrar o encanto. Sem estarmos obrigados ao cumprimento de promessas, nunca seríamos capazes de atingir aquele grau de identidade e de continuidade que, juntas, produzem a “pessoa” acerca de quem uma estória pode ser contada; cada um de nós estaria condenado a vagar desamparado e sem direção na escuridão de seu próprio coração solitário, enredado em suas contradições e equívocos e em seus humores sempre em mudança." (ARENDT, p.194)

ARENDT, H. “Trabalho, obra, ação”. Trad. Adriano Correia. Em: Cadernos de Ética e Filosofia Política 7, 2/2005, p. 175-201.