quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

imagem


A vida é um barquinho,
o oceano, o sentido.

O amor é o vento que empurra o barquinho.

Aos tripulantes,
cabe aprender a velejar.

domingo, 25 de novembro de 2012

Sob(re) a subversão dos caminhos conhecidos:

Tão grande a tristeza que a única possibilidade era reduzir o passo.
Poderia andar para trás, mas isso não a levaria a lugar algum.
Poderia ficar parada, mas isso causaria uma culpa mortal.
Então seguia, experimentando o limite daquela sofrida lentidão...

Não satisfeita, andou em zigue-zague.

Não satisfeita, abandonou o corpo à queda. E então sangrou.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

esteética


este sou eu
desta forma
e com estas formas
deste jeito
e com estes jeitos


esse sou eu?
dessa forma?
e com essas formas?
desse jeito?
e com esses jeitos?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

( ) abismada ( )

isolada pelo silêncio a-poético que só a des-ilusão pode criar

des-contente, des-animada,
des-esperançosa ou des-esperada?

nada. e toda ânsia de um dia estar des-cansada.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

abismo?

Todo Dia, Em Algum Momento Do Dia, A vida Perde O Sentido...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

partida


Um
Incompreendido,
Cindido e
Inabitado
Deseja
Irromper-se no
Outro


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Conflito

Embora desejasse ficar
Embora foi.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

¿

Quem é esse

em mim

que

do Outro

precisa

mais do que de mim?

Xamã


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

daí então poderei respirar...


On bended knee is no way to be free
Lifting up an empty cup, I ask silently
All my destinations will accept the one that's me
So I can breathe...
Circles they grow and they swallow people whole
Half their lives they say goodnight to wives they'll never know
A mind full of questions, and a teacher in my soul
And so it goes...
Don't come closer or I'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you...
Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wandering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...
Wind in my hair, I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear the trees, they're singing with the dead
Overhead...
Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

AuLa

Algodão é vegetal
Vidro é mineral
Lembrando que a toalha vem de um ser vivo, assim como a almôndega que vocês comem no jantar

quinta-feira, 28 de junho de 2012

integrando razão e afeto

Lynyrd Skynyrd - Simple Man
"Be a simple kind of man
Be something you love and understand"

domingo, 10 de junho de 2012

Microconto

E então Alma adormeceu. Vivendo, assim, feliz para sempre.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

"Professora, de que cor é o vento?"


Descrição (Cecília Meireles)
 
Amanheceu pela terra
um vento de estranha sombra,
que a tudo declarou guerra.
Paredes ficaram tortas,
animais enlouqueceram
e as plantas caíram mortas.
O pálido mar tão branco
levantava e desfazia
um verde-lívido flanco.
E pelo céu, tresmalhadas,
iam nuvens sem destino,
em fantásticas brigadas.
Dos linhos claros da areia
fez o vento retorcidas,
rotas, miseráveis teias.
Que sopro de ondas estranhas!
Que sopro nos cemitérios!
pelos campos e montanhas!
Que sopro forte e profundo!
Que sopro de acabamento!
Que sopro de fim de mundo!
Da varanda do colégio,
do pátio do sanatório,
miravam tal sortilégio
olhos quietos de meninos,
com esperanças humanas
e com terrores divinos.
A tardinha serenada
foi dormindo, foi dormindo,
despedaçada e calada.
Só numa ruiva amendoeira
uma cigarra de bronze,
por brio de cantadeira
girava em esquecimento
à sanha enorme do vento,
forjando o seu movimento
num grave cântico lento...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Concreto

e n i g m a
n . . . . m
i . . . . g
g . . . . i
m . . . . n
a m g i n e

domingo, 13 de maio de 2012

Os irmãos

multidão cantando
Ah!
como isso alimenta!
o compartilhar.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mosaico: tradução, nostalgia e inspiração.

Eu que já não quero mais ser um vencedor / Levo a vida devagar pra não faltar amor ... Num retrato-falado eu fichado / exposto em diagnóstico. / Especialistas analisam e sentenciam: / Oh, não! ... Mas o dia insiste em nascer / Pra ver deitar o novo ... sinto que é como sonhar / que o esforço pra lembrar / é a vontade de esquecer ... Prefiro assim com você / Juntinho, sem caber de imaginar / Até o fim raiar ... não faz disso esse drama essa dor / é que a sorte é preciso tirar pra ter / perigo é eu me / esconder em você / e quando eu vou voltar, quem vai saber ... Sei, que a tua solidão me dói / E que é difícil ser feliz / Mais do que somos todos nós ... Ah faça-me o favor / Diga ao menos o que foi / E se eu faltei em te explicar / Diz que a gente sempre foi / Um par ... longe, eu via você / e a luz desperdiçada de manhã / num copo de café ... Mas peço pra que, um dia, se pensares em trazer-me seus olhares, / Faça porque te convém ... Hoje vivo muito bem sem tua boca / E sozinho não conheço mais a dor ... De tanto eu te falar / Você subverteu o que era um sentimento e assim / Fez dele razão pra se perder / No abismo que é pensar e sentir ... Tua flor me deu alguém pra amar / E quanto a mim? / Você assim e eu, por final sem meu lugar ... É a solução de quem não quer / Perder aquilo que já tem / E fecha a mão pro que há de vir ... Os dias que eu me vejo só / São dias que eu me encontro mais / E mesmo assim eu sei tão bem / que existe alguém pra me libertar ... A gente ria tanto desses nossos desencontros / Mas você passou do ponto / e agora eu já não sei mais ... Considere toda hostilidade / que há da porta pra lá ... Canta que é no canto que eu vou chegar / Canta o teu encanto que é pra me encantar / Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você ... E se eu for / O primeiro a prever / E poder desistir / Do que for dar errado? ... Ai, não fala isso, por favor / Esse é só o começo do fim da nossa vida / Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida / Que a gente vai passar ... Ah vai! / Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém / Afim de te acompanhar ... E ao amanhã a gente não diz / E ao coração que teima em bater / Avisa que é de se entregar o viver ... Me atormenta a previsão do nosso destino. / Eu passando o dia a te esperar, / você sem me notar ... Tenha dó, não mereces o afago nem de Deus nem do Diabo / Quanto mais da mão que um dia eu dei pra ti ... Quem sabe o que é ver quem se quer partir / E não ter pra onde ir ... E a colombina só quer um amor / Que não encontra num braço qualquer / Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer...

Los Hermanos, os Poetas agradecem.
*suspiro*

segunda-feira, 23 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

das contribuições póetico-virtuais:

 
"Escrever nem uma coisa, nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes." 

(Manoel de Barros)


Um presente para os Noturnos.

primeira Regra

dormiu menino e acordou homem

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um breve estudo astronômico.

"Uma estrela é uma grande e luminosa esfera de plasma, mantida íntegra pela gravidade. Ao fim de sua vida, uma estrela pode conter também uma proporção de matéria degenerada.(...) A estrela se forma pelo colapso de uma nuvem de material composta principalmente de hélio e traços de elementos mais pesados. Uma vez que o núcleo estelar seja suficientemente denso, parte do hidrogênio é gradativamente convertido em hélio pelo processo de fusão nuclear. O restante do interior da estrela transporta a energia a partir do núcleo por uma combinação de processos radiantes e convectivos. A pressão interna da estrela impede que ela colapse devido a sua própria gravidade."
(Wikipédia, sem pudores.)
 
Analogia de precisão descomunal no que se refere à descrição do sujeito. 

Ah, mas isso os poetas sabem desde que a palavra é trânsito...
Brindemos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

pô, ema!

ema, eminha
tentando insistentemente voar
pô, ema!
assim não dá!

segunda-feira, 19 de março de 2012

sem metáforas

poema cru
cru, do Houaiss:
"(...)3.sem eufemismo, sem disfarce; áspero, duro 4.que não tem alívio; aflitivo, cruciante, penoso 5. que não passou por preparação especial; em estado natural"
e talvez o mais importante "6.sem cozimento suficiente".
2 fatos marcantes:
1º Acho que papai me considerava 6.sem cozimento suficiente: disse que eu ficaria anos tentando, não entraria na USP.
2º Acho que mamãe me considera 5.que não passou por preparação especial: após especialização no Hospital das Clínicas, questiona: "você nunca pensou em fazer outra coisa da vida?". Algum tempo atrás já tinha me sugerido ser psiquiatra...
Papai e mamãe me amam.
Me deram roupas, viagens, coisas e preocupação.
Talvez essa é uma questão de quem é amado e idealizado.
Esse quem sente culpa por não corresponder à idealização.
E não entende muito bem o que é amor.

cru, nu.
nu, do Houaiss:
"(...) 2. que está sem o que o cubra ou vista.(...) 8.carente, privado de alguma coisa mais ou menos essencial".

nu. cru. dju.

domingo, 18 de março de 2012

Pequenas Observações Cotidianas II

Sobre os nós.

Nós que somos humanos e nos esbarramos todos os dias, o tempo inteiro sem nos olhar.
Nós que convivemos, trocamos, compramos, vendemos, trabalhamos e amamos.
Nós que nos definimos e os outros que nos definem.

Nós que nos amarram.

Nós dos dedos das mãos que, quando contemplados, nos aproximam, ultrapassam a barreira do desconhecimento, e nos identificam pela essência de humanidade.

terça-feira, 13 de março de 2012

Espera

A sensação estranha que se dá entre o raio que renda o céu gelando a alma, e o trovão que não acontecerá.

quinta-feira, 8 de março de 2012

( )

Aquele oco
que produz eco
e que, de todo excesso,
pouco revela.

quinta-feira, 1 de março de 2012

seio bem seio mal

mamãe me ensinou a ter medo

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pequenas Observações Cotidianas I

Sobre os chicletes nas calçadas:

Pensamentos em forma de goma. Aflitos ou despreocupados, apenas pensamentos gastos.
Sem sabor ou elasticidade, não passam de ruminações abandonadas. Futuras marcas ignoráveis no caminho de um transeunte qualquer.

Tempo que pinta o cimento e registra a nossa gastrite urbana de cada dia.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

pena da penada alma

alma penada
vagando pelo mundo
divagando sobre o mundo

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mais Um pouquinho de objetividade

Ari destacou precisamente...
é necessário recordar e repetir para quem sabe...

"(...) Se o mundo ao redor se desfazia na incerteza, na ambiguidade, até ele sentia que se afogava naquela penumbra macia, não conseguia mais fazer florescer do vazio um pensamento distinto, um assomo de decisão, uma obstinação. Ficava mal: eram aqueles os momentos em que se sentia pior; por vezes, só às custas de um esforço extremo conseguia não dissolver-se. Aí, punha-se a contar: folhas, pedras, lanças, pinhas, o que lhe surgisse pela frente. Ou então colocava tudo em fila, arrumando em quadrados ou em pirâmides. Dedicar-se a essas ocupações exatas permitia-lhe vencer o mal-estar, absorver o desprazer, a inquietude e o marasmo, e retomar a lucidez e compostura habituais."
Italo Calvino - O Cavaleiro Inexistente