"(...) Se o mundo ao redor se desfazia na incerteza, na ambiguidade, até ele sentia que se afogava naquela penumbra macia, não conseguia mais fazer florescer do vazio um pensamento distinto, um assomo de decisão, uma obstinação. Ficava mal: eram aqueles os momentos em que se sentia pior; por vezes, só às custas de um esforço extremo conseguia não dissolver-se. Aí, punha-se a contar: folhas, pedras, lanças, pinhas, o que lhe surgisse pela frente. Ou então colocava tudo em fila, arrumando em quadrados ou em pirâmides. Dedicar-se a essas ocupações exatas permitia-lhe vencer o mal-estar, absorver o desprazer, a inquietude e o marasmo, e retomar a lucidez e compostura habituais."
(Italo Calvino - O Cavaleiro Inexistente)
Às vezes cai como uma luva, coincidência ou não.
(Italo Calvino - O Cavaleiro Inexistente)
Às vezes cai como uma luva, coincidência ou não.
3 comentários:
que medo...
muito eu
que medo...
Sabe que eu muito lembrei de vc a hora que eu li também?
Mas a gente faz isso, né? Algumas coisas são abstratas demais pra entender. Dá medo de se dissolver mesmo, quase literalmente.
Dificil dizer, voce enxerga de dentro da garrafa e eu enxergo de fora, as distorções quando olho pra dentro da garrafa não é a mesma distorção da imagem que vc enxerga ai dentro... mas talvez te conheço um pouco ou mais do que acho. Abraço amigo!!!
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